quarta-feira, 28 de julho de 2010


"Sabes o que me faz mais impressão em ti? É que a matéria-prima é, de facto, muito boa; tu pensas e sentes bem as coisas, tens uns óptimos miolos e um coração enorme, embora demasiado grande para caber só lá uma pessoa e demasiado pequeno para ela lá poder ficar.
Mas falta-te o mais importante, aquilo que nos faz sair de nós mesmos e sentir a vida na sua plenitude: falta-te a dimensão dos outros".



M.R.P

terça-feira, 27 de julho de 2010


Tenho saudades tuas e de momento a única vontade é agarrar no telemóvel e acabar com este silêncio.
E agora, o que é que eu faço?


P.S: Quanto à imagem...era assim que eu queria que estivéssemos :S

domingo, 25 de julho de 2010


Descalça percorro o chão gelado seguindo o trilho imaginário deixado pela presença antiga tantas vezes renovada num sem fim de invenções hoje arrumadas na gaveta.
Descalça, vou-me aproximando da caixa onde há alguns anos guardo o violino. Descalça, deslizo vagarosamente os dedos pelas cordas como se cada uma retivesse uma parte da história vivida e de um futuro (agora) tão incerto.
Descalça abro a janela e deixo o sol bater-me na cara enquanto rodopio no chão ainda gelado. Descalça, saio para o jardim e deito-me na relva que cheira a sonho e a maresia. Descalça olho parao céu, enquanto as nuvens me vão falando sobre dias em que o céu me parece menos azul. Descalça, ainda estou descalça enquanto a porta se abre lentamente, ainda estou descalça quando o vestido rosa me abarca o corpo, ainda estou descalça quando brinco ao faz de conta, ainda estou descalça quando aperto as sandálias pretas e o chão, esse...ainda continua gelado. E eu continuo com as sandálias pretas nos pés e a alma, essa sim...está descalça.

sexta-feira, 23 de julho de 2010


"Sabes o que é melhor do que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem".

Tom Jobim


E mais não digo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010


As mãos frias, o corpo cansado, a alma vazia. O olhar distante, a brisa do fim da tarde a elevar os cabelos soltos e o vestido às flores. Nestas histórias estou sempre de vestido. Deito-me no chão gelado, fecho os olhos e de repente estás ao meu lado. Os olhos continuam fechados quando te sinto o cheiro e a pele. Dás-me a mão e trazes-me até à rua, enquanto me fazes rodopiar pela relva. Caminhamos até à praia e deitamo-nos na areia. Falas-me de como foi o teu dia, puxas-me para ti e beijas-me na testa. Sorrio. Chego-me mais para ti e enlaço os meus dedos nos teus. Encosto a cabeça ao teu peito e sinto-te a respiração calma. Passas-me a mão pelo cabelo e e ris. Sorrio agora eu e, ainda que meio envergonhada, digo-te baixinho que te adoro. Apertas-me a mão e sinto (agora) a respiração acelerada. Sorris uma e outra vez, uma e outra vez e eu acompanho-te o sorriso e os planos. Abro os olhos e continuo no chão gelado.

Fazes-te notar pela tua ausência, mas quando os meus olhos se abriram tinha a alma tão (mas tão) cheia.



Queria eu ter disto


Mas acabei por receber (muito) disto.



quarta-feira, 21 de julho de 2010


E é a melhor do dia, esta hora a que o sol se põe. Traz consigo um sossego desmedido que me enche e preenche. É como se, enquanto o sol me brinda com os seus últimos raios, houvesse um misto de leveza e liberdade que se apodera de mim. Chegas-te mais cedo a casa que o habitual, na altura em que um livro me ocupava as mãos, que só preenchidas ficam quando ocupadas pelas tuas. Encostas a cabeça no meu colo e afago-te os cabelos. Olho-te o corpo e os contornos por mim mais que conhecidos. Encho os olhos de ti e do teu sorriso de menino. Encho os olhos do teu olhar sereno e curioso agora fixo no meu. Encho os olhos com a camisola azul, aquela que te dei nos teus anos e que espero que te aqueça por muito tempo o coração. Encho os olhos das tuas mãos esguias como as minhas e que jazem agora sobre o meu corpo. Encho os olhos dessa tua vontade de viver, desse teu passo decidido. Encho os olhos da forma como cuidas de mim enquanto me carregas ao colo e encosto, agora eu, a cabeça ao teu peito. O sol despede-se por fim e cessa esta hora tão perfeita que de perfeita encerra unicamente o facto de aqui a meu lado continuares com esse teu sorriso de menino e esse teu corpo de homem.

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.