quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Há dias em que as gavetas não fecham, o calor nos incomoda e não há peça de roupa que nos fique bem. Há dias que são cheios do passado, de histórias mal resolvidas, de portas entreabertas. Há dias em que o melhor que nos pode acontecer é adormecermos, dias em que as vozes nos irritam e a cama é a nossa melhor amiga. Há dias em que se recordam os projectos falhados e se guardam os despojos das guerras interiores, dias em que as lágrimas ficam só coração e não são exteriorizadas. Há dias em que todos os abraços do mundo não chegam, dias em que da boca poucas palavras saem. Há dias em que o mundo nos cai em cima e todos são melhores e mais bonitos do que nós. Há dias em que não somos capazes, simplesmente não somos capazes e não aguentamos a felicidade dos outros à nossa volta. Dias em que nada nos motiva, nem mesmo aquela viagem esperada há tanto tempo. Há dias em que a palavra com mais sentido no dicionário é "impossível", dias em que queremos ir embora mesmo que a maior vontade tenha sido ficar a vida toda. Dias em que não queremos gelados nem crepes e muito menos banhos de mar. Há dias de mágoa na voz e alma pesada.Há dias em que um dia é muito tempo. Há dias assim.

2 comentários:

Fala-me do que sentes (L):