terça-feira, 18 de outubro de 2011

É quase meia-noite quando abro a portada da sala que dá para o alpendre. Cheira a limão e não sei se é do amarelo do limoeiro ou do amarelo dos olhos do pequeno gato pardo que espreita, curioso, na esquina. 
Sopra a primeira brisa do Outono que anuncia, timidamente, o fim dos dias em que os risos são mais abertos, a cabeça mais livre o corpo mais leve. Respiro fundo enquanto na minha cabeça as imagens se multiplicam como se de um filme se tratasse. Olho na direcção da casa e há uma luz acesa na sala. Não, é mentira. Há uma luz acesa na NOSSA sala. Estás à volta da guitarra como um garoto à volta do brinquedo do novo.Tu à volta da guitarra e eu à tua volta enquanto conto as voltas ao mundo agradecendo-lhe, em segredo, por te ter feito entrar na minha vida em jeito de sorte grande à sexta feira à noite. Estico o pé esquerdo com o intuito de chegar até ti mas a beleza de todo aquele momento torna tal movimento demorado. As folhas do limoeiro agitam-se quando a coruja que lá mora à noite se aconchega, do mesmo modo que o meu coração se agita quando nele te aconchegas.
Acordas, por fim, do encantamento daquelas seis cordas e vens ter comigo trazendo contigo o gelado de baunilha. Puxas duas cadeiras e entre colheradas de gelado ouço-te dizer que a lua está grande. Caramba, grande és tu, o teu sorriso e o teu coração! "A lua, esteja onde estiver, nunca é maior do que o meu polegar."

1 comentário:

  1. essa ultima frase faz.me lembrar o filme, 'dear john' muito provavelmente sabes do q estou a falar.
    gostei muito do texto, especialmente da descriçao!
    keep it up

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