Só queria encaixar, fazer parte, sentir que pertenço a algum lugar.
Aguarela de Palavras
"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome"
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
domingo, 5 de janeiro de 2014
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
domingo, 29 de dezembro de 2013
É bom estar de volta.
Queria dizer-te que dói,
sabes? Nessa tua vida, que imagino agora muito atarefada, as memórias do tempo
que passamos juntos devem estar agora arrumadas numa qualquer gaveta. Aposto
que a gaveta tem etiqueta, certo? Assim nunca corres o risco de a abrir por
engano e desarrumar tudo. Logo tu, que és muito mais organizado que eu.
Lembro-me de ti muitas vezes, muitas mais do que
aquelas que deveria e ainda choro. Aliás, eu agora choro muito.
Estou diferentes,
sabias? Deixei de ser a menina que te
abraçava à noite, na hora em que os pesadelos ameaçavam o sossego do teu sono.
Os olhos já não brilham como antes. Fiquei mais séria. As pessoas agora
magoam-me mais mas eu não me importo nada. Afinal tu foste o melhor professor
que eu podia ter tido, na aprendizagem de uma grande lição chamada
"desapego".
No dia que te foste embora não falei muito. Desculpa,
enganei-me. Vou recomeçar: no dia em que me abandonaste não falei muito. Sim,
tu não te foste embora, tu abandonaste-me. Hoje arrependo-me desse silêncio.
Deveria ter-te explicado que o que doeu não foi o fim. Nada dura para sempre,
não é o que dizem? O que doeu foi lembrar-me de todas as vezes em que lancei a
pergunta "é mesmo isto o que queres, ficar comigo?" e ouvi em troca que não deveria duvidar dos
teus sentimentos. O que doeu foi entender que os planos para o futuro em que
tanto me fazias acreditar se tinham esfumado. Lembraste quando me perguntaste
se eu queria que fosses o pai dos meus filhos? Não tinha dúvidas naquela altura
de que era o que queria. Não te consegui responder, mas a resposta calada foi a
de que iríamos ter dois filhos. Pelo menos um ia ter os teus olhos azuis, tenho
a certeza.
No meu relatório de estágio permanece o teu nome.
Ainda sabes o que te escrevi? Eu recordo-te. Foi assim:" Ao Ivo, por ter acreditado em mim
quando eu mesma duvidei, por toda a paciência e dedicação." Hoje entendo
que tenho pouco a agradecer-te. Quando o momento de deixar Vila Real se
aproximou foste a primeira pessoa a virar-me as costas. Quando eu achava que ia
ter em ti um apoio encontrei, ao invés disso, uma pessoa que estava demasiado
ocupada para ter tempo para mim. Não
tinhas tempo para quem correu para ti, todas as vezes que esse bichinho chamado
depressão decidia dar sinal de vida. Não tinhas tempo para quem te repetia que
ia ficar tudo bem, para quem te protegia e atendia todos os telefonemas mesmo
que em cima da secretária o trabalho se acumulasse. Não tinhas tempo para quem
ia para tua casa ajudar-te a estudar, mesmo que isso significasse ficar
acordada até às tantas. Não tinhas tempo para quem tinha, para ti, todo o tempo
do mundo.
Não
te contei ainda que aprendi muito desde
que te ausentaste. Hoje, eu sei bem que tu tinhas tempo, o que não tinhas era
vontade. Mas deixa-me que te conte: hoje
eu conheço como ninguém o poder da força de vontade, o tal poder que me fazia
levantar a cabeça das poucas vezes em que nos cruzámos. É uma coisa que se
pratica, até que saia naturalmente, acredita no que te digo. Eu já levo algum
tempo de treino. Comecei no dia em que entrei no comboio em Guimarães, de
lágrimas nos olhos.
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